Paixão pura

( Foto: Pedro Ramalho)





Quando surgir uma nova paixão,
rasgando o peito e as entranhas,
abra e mostre o coração,
sem sentimentos ou vergonha.

Emoções de repente se afloram,
tornando a vida mais bela,
lágrimas no rosto rolam,
de alegria ao pensar em ter ela.

O sorriso estampa na face,
numa sintonia muito boa,
mesmo que tente um disfarce,
impossível. Sorrindo à toa.

Ao encontrar seu amor,
um abraço muito apertado,
um beijo com muito calor,
e, em seu peito, o rosto colado.

De mãos dadas, e o mundo a seus pés,
caminhem pra qualquer lugar,
no caminho, só nota dez,
o importante, é se amar.



Pedro Ramalho.

Poeta da alma

( Foto: Pedro Ramalho)




Acho que morri sem saber,
estou com uma alma, diferente.
Descobri sem querer,
ao consultar ela urgente.

Nada soube informar,
e, ficou toda sem graça,
por não poder me ajudar,
nem orientar o que eu faça.

Incrédulo e desconfiado,
perguntei, cadê minha alma?
Ela olhando para o lado,
pediu pra mim ter calma.

Sua alma viajou pra longe,
em busca de novidades,
num lugar que só os monges,
reúnem-se com liberdade.

Deixou-me em seu lugar,
e pediu pra ficar quieta,
pois iria se informar,
pra ajudar o seu poeta.

Ao ouvi aquilo tudo,
desculpa, eu pedi.
Fiquei pasmado e mudo,
comecei a refletir.

Tenho muita inspiração,
vindas a todo instante,
mas, as minhas emoções,
vêm da minha alma brilhante.



Pedro Ramalho.

Pedaços

( Foto: Pedro Ramalho)




Como adoro pedaços,
pois gosto de repartir,
um pequeno toque que faço,
deixo você a sorrir.

Com grãozinhos de areia,
se formam os grandes montes,
com gotas d'água e sereias,
surgem as lindas fontes.

Como é bom beijar seu corpo,
explorar cada pedaço,
isso me deixa tão louco,
pra fazer, porém disfarço.

Foste embora para longe,
levando um pedaço de mim,
minha alma não responde,
fica à espera de ti.

Você sente e vai mandando,
pedacinhos de seu ser,
pouco a pouco vou juntando,
e logo logo, tenho você.


Pedro Ramalho.

Integração

( Foto: Pedro Ramalho)




Entre a natureza e o concreto,
o homem precisa viver,
a natureza por perto,
dá sensibilidade e saber.

Crianças criadas entre os pássaros,
ouvindo em silêncio seus cantos,
aguça a sensibilidades em seus passos,
aprende a compreender os seus prantos.

Concreto sem área verde,
é construir mausoléu,
o corpo morre de sede,
e a alma vai triste pro céu.

O contacto com a terra,
e com animais conviver,
é como viver sem guerra,
e em paz poder crescer.



Pedro Ramalho.

Fogo

Fogo amarelo que as chamas
fascinam,
destrói a tudo sem distinção.
Quando começa, sempre termina,
fogo ardente de uma paixão.

Queima florestas, destrói plantações,
assa o pão, o churrasco e a castanha.
Sobe foguete, destrói aviões,
tem um poder e uma força tamanha.

Fogo que esquenta numa noite de frio,
olhando de longe, nos faz refletir.
Parece que queima e nos deixa vazios,
sentimos que o mundo parece sumir.

Ilumina a noite com tochas e velas,
explode de raiva e sai do vulcão.
Fogo ardente que une eu a ela,
fazendo surgir uma louca paixão.


Pedro Ramalho.

Chuva Bela

( Foto: Pedro Ramalho)




Como é bela a chuva caindo,
os barulhos dos pingos no chão,
o cheiro de terra sentindo,
as poças d'água no chão.

As gotas escorrendo no vidro,
descem em caminhos diversos,
lembram lágrimas caindo,
em seu rosto, quando despeço.

Águas começam a correr,
nas beiradas das calçadas,
as ruas começam a encher,
e, pelas águas transbordadas.

Crianças alegres a brincar,
molhadas, a se divertir,
os pais começam a chamar,
meninos saiam daí.

Lagoas ficam tão cheias,
sapos felizes a cantar,
a chuva parou de cair,
e eu parei de sonhar.


Pedro Ramalho.

Alma do poeta

( Foto: Pedro Ramalho)




O poeta vai fundo na alma,
a procura dos sentimentos,
separa os mesmos com calma,
para usar a cada momento.

A alegria por exemplo,
acontece na euforia,
dos grandes e bons momentos,
e sempre contagia.

A velha e calada tristeza,
nas perdas e nos sofrimentos,
porém, com muita certeza,
nos leva ao amadurecimento.

E o sentimento do amor?
Ah! Esse é o que o poeta mais quer,
tão sublime como uma flor,
é o coração de uma mulher.



Pedro Ramalho.

Sem você

( Foto: Pedro Ramalho)



Viver sem você,
é estar parêntese.
(e só a mim, mesmo vê),
arrodeado de gente.

Quando vais para longe,
cultivo a minha paciência,
e como um velho monge,
fico em reticências...

Minha mente está em interrogação,
porque seu coração não canta.
Por você, só admiração,
seu jeito me encanta!

Vamos viver novamente,
uma vida simples e natural,
plantaremos nossa semente,
nos amamos, e, ponto final.



Pedro Ramalho.

Carinho é bom demais

( Foto: Pedro Ramalho)




Como é bom um carinho!
Seja de qualquer jeito,
passar a mão de mansinho,
colar seu rosto em meu peito.

Uma palavra amiga,
dar o ombro pra chorar,
um gesto nobre que cativa,
enxugar uma lágrima que rolar.

Quando vê-la dormindo,
faça o silencio reinar.
Quando estiver saindo,
chame-a pra beijar.

Uma gentileza alheia,
ceder ao outro, o lugar,
não tratar ninguém por feia,
e, uma planta cultivar.

Aos animais dê ternura,
acaricie uma flor,
a natureza, doçura,
e ao próximo, amor.



Pedro Ramalho.

Mergulho nos sonhos

Mergulho em meus sonhos,
imagens passam sem nitidez,
sinto-me um pouco tristonho,
descendo atrás do não sei.

Agora, bem mais fundo, começo a enxergar,
imagens disformes vão se formando,
cenários passados, venho a lembrar,
vejo vultos de pessoas, montando.

continuo a descer,
agora tudo tem nitidez,
começo a entender:
Tudo tem a sua vez.

Chego ao fundo dos sonhos,
com clareza acabo de ver,
agora um pouco risonho,
a mulher dos meus sonhos é você.



Pedro Ramalho.

Eva de jeans

Adoro mulher de jeans,
vejo-as simples e selvagens,
quando passam junto a mim,
as desejo de verdade.

Quanto mais velhos e desbotados,
mais aumenta a minha paixão,
cabelos um pouco despenteados,
saio um pouco da razão.

Aqueles que são rasgados,
mostrando a pele macia,
fico com os olhos fechados,
pra não tomar ousadia.

Blazer aberto com blusinha,
és a maçã que Adão comeu,
calça bem apertadinha,
o paraíso escondeu.



Pedro Ramalho.

Mulheres

Mulheres nos trazem à vida,
dividem seus alimentos,
carregam-nos em suas barrigas,
passam-nos sentimentos.

Sempre foram maltratadas,
desde o começo do mundo,
foram muito injustiçadas,
num erro muito profundo.

Na época da idade média,
eram queimadas como bruxas,
se não andassem na rédea,
de uma igreja capucha.

Escravas, bruxas e prostitutas,
assim já foram tachadas,
a vida lhes era tão bruta,
mas sofriam resignadas.

Com isso foram aprendendo,
e os sentimentos aflorando,
a sensibilidade nascendo,
e a sabedoria alcançando.

Hoje estão bem na frente,
aprenderam com a natureza,
têm conteúdo na mente,
e, a beleza das deusas.



Pedro Ramalho.

Linda demais

( Foto: Pedro Ramalho)




Cabelos ao vento,
caminhando entre as flores,
passos bem lentos,
lembrando os amores.

Vestido tão lindo,
com todas as cores,
vejo-te sorrindo,
a mais bela das flores.

Olhando de cima,
pareces uma pintura,
de uma linda menina,
e suas travessuras.

Quero e não quero,
que chegues a mim,
pra ser sincero,
tenho medo de ir...



Pedro Ramalho.

Ilusão

( Foto: Pedro Ramalho)


Mulher de fogo,
não tem coração,
se entra no jogo,
perdeu a razão.

Se torna escrava,
de sua paixão,
um copo com água,
e uma vela no chão.

Sua cara de mau,
a torna tão linda,
se volta ao normal,
és mais ainda.

Ainda é tão nova,
deve deixar,
antes que acabe,
em outro lugar.

Eu vim te buscar,
e não vim te ouvir,
eu vou te levar,
você tem que sair.

Podes pensar,
o que quiser,
tu és ainda,
minha mulher...


Pedro Ramalho.

Viagem do poeta

( Foto: Pedro Ramalho)





Tem dias que a minha energia,
parece que vai me deixando,
é como se a harmonia,
da música fosse acabando.

Perco a vontade de tudo,
sem forças pra reagir,
é como dessa dimensão,
estivesse para partir.

Fico em silencio profundo,
reuno para pensar,
meu eu, meu cérebro e meu mundo,
precisamos uma solução achar.

Trocamos muitas experiências,
tentando algo descobrir,
afinal pra qual essência,
minha energia quer ir.

Fico por muito tempo,
entre o ir e o não ir,
meu corpo fica tão lento,
sem forças pra reagir.

Durmo profundamente,
como um longo mergulho,
encontro minha energia,
com os pés no futuro.

Converso bastante com ela,
explico que ainda estou vivo,
tenho amigos na terra,
que se importam comigo.

Ela parou por um momento,
e explodiu de emoção,
não posso sair do seu tempo,
nem deixar seu coração.

Aonde eu ia ainda é complexo,
para a sua compreensão,
seu corpo ainda está anexo,
nessa velha razão.

É que sua sabedoria,
seu corpo não acompanhou,
já mudou de energia ,
a energia do amor.

Por isso ela é infinita,
aonde o nada é o tudo,
é a essência da vida,
é o movimento do mundo.



Pedro Ramalho.

Mulheres e cores

Mulheres de preto ficam charmosas,
vestido moldado e óculos escuros,
tornam-se mais belas e mais poderosas,
gestos e modos de um grande futuro.

Vestem-se da cor amarela,
sentem-se alegres como o sol,
usam sandálias ou mesmo chinelas,
andam descontraídas, como o rouxinol.

Vestidas de vermelho, lábios pintados,
olhares penetrantes e lindos colares
Tornam-se, em tão gostosos pecados,
que até os padres, nos tem perdoado.

O lindo azul da cor do mar,
jeans apertado, com brincos marinhos,
chamam atenção em seu modo de andar,
com o blazer aberto e muito charminho.

O branco da paz e do ano novo,
usados por médicas e mães de santo,
bailarinas formosas e grande parte do povo.
Mistura a beleza com um certo encanto.

Vestido de várias cores,
parecem lindas flores do campo,
são desejadas por vários amores,
porém, só um, ganha o seu canto.

O bege e o marrom, lembram elegância,
tudo o que usam, é tom sobre tom,
sapatos altos, meias e flagrâncias,
muito classudas, precisam ter dom.

O verde das matas e da esperança,
realça uma beleza com muita leveza,
a mulher, sente-se criança,
e, joga pra longe a sua tristeza.

Porém, a bela das belas é a natural,
aparecem sem roupas, ou cobertores,
quando deitadas, não tem nada igual,
todas as cores, morrem de amores.



Pedro Ramalho.

A fonte voltou

( Foto: Pedro Ramalho)




A fonte voltou a minar,
cristalina a água ficou,
a deusa começou a banhar,
a inspiração do poeta voltou.

Numa linda noite de lua,
a brisa começou a soprar,
aquela mulher semi nua,
estava na fonte a cantar.

Aproximei-me bem devagar,
cheguei perto demais,
lá estava a deusa do mar,
em movimentos sensuais.

Realizava um suave ritual,
era uma dança muito bela,
algo tão surreal,
toquei no corpo dela.

Um pequeno susto tomou,
mas abraçou-me com desejo,
em meus olhos fixou,
e deu-me um longo beijo.

Fiquei tão encantado,
de novo a beijei,
a deusa tremia a meu lado,
de repente, a amei...



Pedro Ramalho.

Só o amor

( Foto: Pedro Ramalho)




Desacreditei de tudo,
Por isso estou infeliz,
vou passar um tempo mudo,
quem sabe, sair daqui.

Quando não é o egoísmo,
é a tal da bajulação,
ficamos nesse cinismo,
aceitando a situação.

Muitos por comodismo,
outros por criação,
seguindo esse modismo,
que nos tira a ação.

Perdemos o humanismo,
não ouvimos o coração,
chegamos a beira do abismo,
e só vejo uma solução.

Plantar em nossas crianças,
a semente do amor,
e aguardar com esperança,
o nascimento da flor.



Pedro Ramalho. 

O amor, volta

( Foto: Pedro Ramalho)



A chuva caia torrencialmente,
gotas desciam pelo vidro,
pensamentos passam na mente,
vêm e voltam de repente.

Lembro-me dos belos momentos,
que estive com você,
um doce sentimento,
tão suave de viver.

Separados pelo destino,
foste embora da cidade,
ainda éramos meninos,
mas amávamos de verdade.

Muitos anos já passaram,
nunca esqueci de você,
olhei pra o vidro molhado,
uma imagem comecei a vê.

Fui chegando mais perto,
um rosto se mostrou,
fiquei boquiaberto!
Você voltou, meu amor.



Pedro Ramalho.

Liberdade

( Foto: Pedro Ramalho)


Onde se tem liberdade,
apenas nos pensamentos?
Perdemos a privacidade,
monitorados por instrumentos.

O poeta com ousadia,
inspiração e coragem,
transforma em fantasia,
a liberdade em imagens.

O pássaro que lá no alto,
sente-se em liberdade,
em baixo só tem asfalto,
seu hábitat, virou cidade.

O peixe no fundo do oceano,
transita com liberdade,
O petróleo extraído em cano,
as vezes vazam em quantidade.

O homem que se prendeu,
em suas próprias invenções,
pra liberdade morreu,
e vive em depressões.


Pedro Ramalho.