quarta-feira, 10 de novembro de 2021

O poeta na rua



O poeta na rua

 

Só nos resta viver

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Só nos resta viver


Refletindo o presente,
nunca chegaremos ao futuro.
O passado já faz parte
marcou a nossa história.

Quantas alegrias e tristezas,
passaram em nossas vidas,
encantos e muitas belezas,
desencantos e feridas.

Isso é o mistério da vida,
não podemos controlar.
No dia da nossa partida,
tudo se revelará.

Enquanto isso, vamos viver,
aproveitar cada instante.
Quiçá vamos reviver,
em um mundo tão distante!


Pedro Ramalho poeta.
(Membro da Academia de Cultura da Bahia)

Poesia é arte e cultura.

BH, 05/06/21. 

 

O poeta e o beija-flor

 



O poeta e o beija-flor


Estava lendo, me assustei,
um baque no vidro da janela!
Uma pequena mancha.
No chão, um pequenino beija flor.

Uma pontada no coração,
corri para ajudá-lo.
Ele abria o bico tentando se defender,
consegui pegá-lo com cuidado.

Parece que sentiu o meu carinho e consentiu.

Levei para uma pia, abri a torneira, molhei todo seu corpo.

Percebi que uma das asas estava quebrada,
uma lágrima escorreu em meu rosto.
E agora?
Não podia soltá-lo, ia morrer.

Conseguí com muita dificuldade e falta de jeito,
imobilizá-la com durex.

Coloquei-o entre vasos com plantas em um ninho improvisado com panos.

Dei-lhe água e uns farelos de pão, bebeu, comeu, e de tão cansado, dormiu.
O sol estava se pondo.

No outro dia, quando acordei,
fui logo vê-lo, estava quietinho,
Agradei-o, sorri, e coloquei mais suprimentos ao seu lado.

Passava horas ao seu lado,
observava principalmente
a asinha.
Acostumávamos, coçava sua cabecinha sem ele reclamar,
andava no pequeno espaço.
E a asinha? Pensava eu.

Após uns dias, de repente! Mexeu as asinhas, fiquei pasmo!
Pois não esboçava dor.

Coloquei ele em minha mão,
tirei com cuidado o durex/gesso, rs.

Soltei-o, ele batia as asas sem parar, como se estivesse testando.

De repente, levantou vôo,
foi até o alto da janela,
parou batendo as asinhas,
olhou para mim, abriu o biquinho e grunhiu como se tivesse agradecendo e dando adeus.

Voou e sumiu, feliz com sua volta a liberdade.

Vivi um momento triste, alegre e belo.
Apenas senti.

Após uns dias, ele voltou para beijar as flores dos vasos de minha mulher.

Ao me ver, parou no ar batendo as asinhas e disse:
"Poeta, a natureza precisa de mim para continuar seu ciclo, mas também precisa de ti, para defendê-la através das suas poesias.

Só temos formas diferentes, mas somos iguais nos nossos objetivos.
A natureza nos ama pois somos interlocutores da liberdade.

Adeus, te amo poeta!"

Foi cumprir sua missão com muita alegria.

Adeus meu belo amigo pássaro,
te amo!

Pássaro, amante das flores.
Poeta, amante das inspirações.
Pássaro, voa com suas asas.
Poeta, voa com as asas da imaginação.

Ambos amam e pregam a liberdade.

BH, 05/10//20.

Pedro Ramalho poeta.

Fogo, paixão e carvão




Fogo, paixão e carvão


Fogueira, fagulhas, fogo, fascínio...
Absorto, relembro momentos passados
do eu adulto ao inocente menino
que logo se apagam com as cinzas que caem ao meu lado.

As labaredas lembram mulheres tão belas
numa dança sensual com vestidos coloridos!
Olhando de longe parece uma tela
mostrando as fantasias mais atrevidas.

O calor é tão ardente que acende a paixão,
e o galho mais grosso a isso permite.
A cada graveto queimado
morre junto uma ilusão,
por isso o encanto da fogueira resiste.

Brasas minimizam os últimos instantes
como o sair devagar de um trem da estação.
A fumaça transforma tudo
em lágrimas brilhantes,
mas deixa para registrar as lembranças, pedacinhos de carvão.


Pedro Ramalho poeta
(Membro da Academia de Cultura da Bahia)

Poesia é arte e cultura.

Foto no sítio da Vovó Marieta tirada por Pedro Ramalho poeta.

São Joaquim das Bicas/MG

16/07/2021 

 

Perdoe-me



Perdoe-me


Por sufocar o teu grito,
e silenciar o teu canto.
Pelos instantes aflitos,
desrespeitando teu pranto.

Por podar tua liberdade,
e fazê-la infeliz.
Pela brutal crueldade
de não deixá-la sorrir.

Por não respeitar teus anseios,
e revelar teus segredos.
Não curtir teus passeios,
e ceifar teus desejos com o medo.

Por fazê-la chorar,
e não afagar tuas lágrimas.
Nunca teu corpo abraçar,
nas tuas dores e mágoas.

Por sempre escravizá-la,
mantendo-a perto de mim.
Como numa antiga senzala,
tirei tudo de ti.

Isso não é amar.
Só ti fiz muito sofrer.
Castigue-me com o não perdoar,
por não deixá-la viver.



Pedro Ramalho poeta.
(Membro da Academia de Cultura da Bahia)

Poesia é arte e cultura.

BH, 20/06/2021. 01:23hs 

 

Sebastião



Sebastião


Mora em Belém do Pará,
mas da Bahia é nativo.
Vive no sítio Manacá,
seu pedacinho do paraíso.

Ama a natureza,
um Ser bom e sensível.
Encontra sempre a beleza,
em locais quase impossíveis.

Defende nosso habitat,
através de poeminhas
e fotos com muita arte.

Tem um doce coração,
digno, inteligente e amigo,
assim é tio Neno, o sábio Sebastião.


Pedro Ramalho poeta
(Membro da Academia de Cultura da Bahia)

Poesia é arte e cultura.

BH, 09/06/2021. 

 

Calam-me


Calam-me!?


Calam-me apenas por fora,
dentro em ebulição.
A liberdade aflora,
ao sufocar a emoção.

Calam-me! Mas como calar o amor,
a inspiração, os sentimentos e a percepção?
Bobos, o sentimento e a dor,
levam à revolução.

Calam-me o que não sou.
O que sou, continua gritando,
e aperfeiçoando o livre voo do condor,
pra surpreender, os que estão me sufocando.

Calam-me!? Não mais. Agora calem-se vocês.
A luz clareou as sombras,
e destruiu o mal de uma vez.
Nada mais me assombra,
o universo aplicou a lei.


Pedro Ramalho.
Poeta, membro da Academia de Cultura da Bahia)

Poesia é arte e cultura. 

 

Frase do poeta


 

Frase do poeta


 

terça-feira, 9 de novembro de 2021

A loba da noite



A loba da noite


A noite aproxima,
entrar em ação,
a doce menina,
começa a transformação.

Vestido colado,
boca vermelha,
decote ousado,
não é mais cordeira.

Agora uma loba,
sai pra caçar,
já não é mais boba,
precisa pecar.

Consegue uma presa,
um bicho homem,
com toda destreza,
ataca e come.

Após saciar,
com a recompensa na mão,
agora voltar,
cumpriu a missão.

O dia aproxima,
a destransformação.
De novo a menina,
inocente, mais não.


Pedro Ramalho poeta.
(Membro da Academia de Cultura da Bahia)

Poesia é arte e cultura.

BH, 27/05/2021.